O juiz Noé Pacheco – que mandou soltar o filho Lucas Pacheco preso embriagado após atropelar uma motociclista no município de Floriano, a 247 km de Teresina – afirmou neste domingo, dia 04, em matéria exibida no Fantástico, da Rede Globo, que “não vai baixar a cabeça” mostrando estar pronto para enfrentar as consequências da sua decisão que confronta a lei que veda a magistrados julgar processo envolvendo parentes até terceiro grau no País.
“Entre defender a toga e defender um filho meu, eu ainda prefiro defender um filho. Defender o filho, principalmente vendo que nas circunstâncias eu estava diante de uma situação em que era permitido. Estou preparado pra tudo. Não vou baixar a cabeça. No dia em que essa toga não me pertencer mais, não vou morrer também“, disse Noé.
O juiz disse que assumiu os riscos ao conceder a liberdade ao filho e negou “aberração” na decisão judicial tomada em Floriano.
“O menino meu foi levado para o distrito policial. Se tratava realmente de um caso de liberdade provisória. Réu primário, bons antecedentes, acidente sem maiores consequências, né? Assumindo todos os riscos, concedi liberdade, apliquei medidas cautelares, da mesma forma como faria para qualquer outro preso na mesma situação. Eu parto do entendimento que da mesma forma como é urgente você decretar uma prisão preventiva, se faz urgente também você conceder liberdade naqueles casos em que a lei permite. E assim foi feito. Não há nenhuma aberração nisso”, completou Noé.
O magistrado disse ainda que temeu por Lucas Pacheco. “Eu temi pela própria integridade física do garoto. Imagina você botar o filho de um juiz na mesma cela de uma outra pessoa, sabendo que aquele rapaz é filho do juiz”, finalizou Noé.
O caso está sendo apurado pela Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI). O presidente da OAB-PI, Celso Barros Coelho Neto, afirmou que a entidade também vai oficiar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
