- A máquina havia sido apreendida após denúncias de trabalho escravo
- Ela foi leiloada para uma indústria de fabricação de cigarros
- Corregedoria da Polícia abriu inquérito apenas nove meses depois
Veja só: uma máquina e produzir cigarros com seis metros de comprimento e pesando mais de cinco toneladas, simplesmente desapareceu. Ela estava em um galpão localizado dentro da Cidade da Polícia, na zona Norte do Rio de Janeiro. No local funcionam nada mais, nada menos, do que 15 delegacias especializadas, e tem um contingente de mais de três mil policiais.
O mais impressionante vem a seguir: o sumiço do aparelho gigantesco, só foi descoberto quatro meses depois do ocorrido.
A máquina estava guardada num galpão onde fica o depósito de bens apreendidos da Delegacia de Cargas, no fundo do complexo. O aparelho havia sido apreendido numa operação realizada em julho de 2022, em uma ação de outra unidade, o Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro.
A investigação era contra um grupo que mantinha 23 paraguaios e um brasileiro em situação análoga à escravidão. Eles trabalhavam em uma fábrica clandestina de cigarros, em Duque de Caxias, não recebiam salário e eram impedidos de sair da fábrica.
A máquina foi vendida em um leilão, em 8 de fevereiro de 2023, para a Indústria Amazônica de Cigarros Ltda, que venceu e adquiriu o equipamento por R$ 550 mil. O sumiço, porém, só foi descoberto em junho, quando um oficial de Justiça esteve na Cidade da Polícia junto a um representante da empresa e não encontraram o equipamento.
O inquérito para investigação do aparelho gigantesco que fora roubado só foi instaurado pela Corregedoria em novembro, nove meses após o furto. Todos os policiais que estavam de plantão na portaria foram ouvidos, mas nenhum deles viu qualquer movimentação que pudesse explicar a ação criminosa.
O local em que a máquina estava, assim como a portaria, não possuíam câmeras de segurança.