- Motorista reserva morreu por dolo eventual, ao dormir no bagageiro, diz Polícia Civil
- Empresários e motorista foram indiciados por homicídio e exercício ilegal da profissão
- Falhas mecânicas, excesso de velocidade e superlotação foram causas para acidente na BR-135
A Polícia Civil concluiu nesta terça-feira (22) o inquérito sobre o acidente de ônibus que deixou sete mortos na BR-135, entre São Gonçalo do Gurguéia e Corrente, no Sul do Piauí. O relatório final aponta excesso de velocidade, cansaço do condutor, falhas mecânicas e superlotação como causas do acidente. Foram indiciados o motorista e dois empresários da empresa responsável pelo veículo.
O Que Aconteceu
- Acidente com ônibus deixou sete mortos na BR-135: O acidente aconteceu na madrugada de 7 de janeiro de 2025, em um trecho da BR-135, entre São Gonçalo do Gurguéia e Corrente, no Sul do Piauí. O veículo transportava 44 pessoas — 42 passageiros e 2 motoristas —, ultrapassando o limite permitido, segundo a Polícia Civil.
- Polícia indicia motorista e empresários: De acordo com o inquérito policial, três pessoas foram indiciadas: o motorista e dois empresários responsáveis pela administração da empresa de transporte. Os crimes atribuídos são: Seis homicídios culposos (sem intenção de matar); Homicídio simples por dolo eventual, pela morte do motorista reserva Kaíque Glauber, que dormia no bagageiro; Exercício ilegal da profissão.
- Velocidade, cansaço e falhas mecânicas contribuíram: O ônibus trafegava a 110 km/h em uma via molhada, ondulada e sem iluminação adequada, segundo o delegado Diogo Noronha, de Corrente. O motorista apresentava fadiga muscular e sonolência, o que causou reação tardia na perda de controle do veículo.
- Motorista reserva descansava no bagageiro e morreu: Kaíque Glauber, que deveria se revezar na direção, estava descansando no bagageiro, local proibido por lei para transporte de pessoas. No momento do acidente, foi arremessado para fora do ônibus e prensado pelo veículo junto a bagagens.
- Irregularidades na estrutura e superlotação: O inquérito aponta ainda que o veículo tinha pneus carecas, sulcos desgastados e não possuía local adequado de descanso para os motoristas. Um dos condutores chegou a descansar sentado, em um assento cedido por passageiro.
- Objetivo era maximizar lucros, segundo a polícia: A empresa teria vendido todos os assentos para passageiros, obrigando o colaborador a descansar em local inóspito, segundo o delegado: “Isso ocorre porque querem aferir maiores lucros e vendem todas as passagens do ônibus, colocam os próprios colaboradores para descansar em um local que fere a dignidade humana”.
